
A orla de Ponta Negra, onde foi realizada a obra da engorda para alargar a faixa de areia, voltou a registrar alagamentos após as chuvas que começaram a ocorrer desde a noite de segunda-feira (19) em Natal. Na manhã desta terça-feira (20), foi possível constatar que havia água acumulada por quase toda a extensão da praia, considerada o maior cartão-postal da capital potiguar.
De acordo com o boletim meteorológico da Emparn (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte, foram registrados 32,8 milímetros de precipitação nas últimas 24 horas em Natal. Foi o suficiente para que as cenas de alagamentos voltassem a ser vistas em Ponta Negra.
O primeiro alagamento na faixa de areia alargada foi registrado no dia 13 de janeiro, na primeira chuva do ano em Natal. Na ocasião, o secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), Thiago Mesquita, alegou que o problema ocorreu devido ao “extravasamento do esgoto” em razão de uma conexão entre dois pontos da rede de drenagem.
No dia 14 de março, após uma madrugada de fortes chuvas na capital, a faixa de areia voltou a amanhecer alagada, mesmo depois do anúncio da conclusão das obras de drenagem, oficialmente entregues em 28 de fevereiro pela Prefeitura de Natal.
A Secretaria de Infraestrutura de Natal (Seinfra) anunciou, à época, que havia instalado 16 dissipadores de energia para “controlar a vazão das águas das chuvas”. A própria pasta, no entanto, admitiu que novos alagamentos não estavam descartados, mas que as poças de água se “infiltrarão mais rapidamente”.
O projeto da engorda abrange uma área de 4,6 km, que começa na Via Costeira, onde estão os maiores hotéis de luxo da cidade, indo até o Morro do Careca. Foi usado aproximadamente 1,3 milhão de metros cúbicos de areia para alargar a faixa de areia da praia.
A obra, embora seja considerada necessária para conter o avanço das marés e evitar a erosão do Morro do Careca, tem recebido críticas pela forma como foi realizada, sem a inclusão do projeto de drenagem.
Um relatório da Defesa Civil Nacional, financiadora do aterro hidráulico, apontou que a engorda não poderia ter sido concluída antes da finalização da drenagem.
“O aterro hidráulico só deverá ser iniciado após a finalização dos dissipadores e demais estruturas de drenagem previstas para área”, diz trecho do documento, divulgado no início de novembro passado, após vistoria feita entre 23 e 25 de outubro de 2024.
A realização das obras de drenagem também havia sido uma das condições exigidas pelo Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente) para emitir a licença ambiental para o início da engorda.
A Prefeitura de Natal, no entanto, ainda na gestão do ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos), obteve uma decisão judicial obrigando o órgão estadual a conceder a liberação, além de impedi-lo de fiscalizar a construção do aterro hidráulico.
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