Bolsonaro mente quando diz que crianças não morreram de covid e acusa médicos de serem cúmplices de crimes para desviar dinheiro do seu governo
O presidente Jair Bolsonaro continua negando as mortes por covid no Brasil.
Continua mentindo quando diz que crianças não morreram de covid.
E mais: chama médicos de crminosos quando diz que eles recebiam nos hospitais, crianças com traumatismo craniano por causa de uma queda e colocavam nos leitos de covid para o hospital ganhar mil reais por cada criança na UTI.
Que horror.
Para mentir, Bolsonaro não se importa de expor médicos, taxando-os de cúmplices de crime.
Não se importa de ignorar famílias que acompanharam o sofrimento de filhos que morreram de covid.
Esse é o deus, pátria e família de Bolsonaro.
Confira o que ele disse nesta sexta-feira, 14 de outubro de 2022. Não foi no começo da pandemia não.
Agora leia reportagem de O Globo para sentir o tamanho da mentira de hoje de Bolsonaro.
Bolsonaro diz que ‘molecada’ não morreu por Covid-19, mas dados oficiais indicam 2,5 mil óbitos até 17 anos
Em entrevista, presidente afirmou que casos de mortes nesta faixa etária foram fraude: ‘Se o cara morreu de traumatismo craniano, o garoto, tinha que botar Covid’
Por Daniel Gullino e Melissa Duarte — Brasília
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira que a “molecada” não morreu por Covid-19. Repetindo parte do discurso que adotou na pandemia, o candidato à reeleição negou dados oficiais do Ministério da Saúde que apontam 2,5 mil mortes pelo vírus em crianças e adolescentes de zero a 17 anos — 1.807 entre zero e 11 anos — e disse que estes casos foram fraudes:
— A molecada não sofre com o vírus. Também é que você não viu moleque morrendo de vírus por aí. Alguém conhece o filho de alguém que morreu de vírus? Não tem — afirmou Bolsonaro a três canais de Youtube que fizeram uma transmissão conjunta.
Sem apresentar provas, o presidente afirmou que governo locais registraram mortes de crianças e adolescentes por Covid-19 para receberem mais recursos federais.
— O que aconteceu, em grande parte, o moleque tinha um traumatismo craniano. Caiu de bicicleta. Levava para o hospital e botava no leito da UTI, UTI Covid. Por quê? Ele recebia por dia, meu (governo federal), R$ 2 mil. Enquanto a UTI para traumatismo era R$ 1 mil. Botava lá. Botou lá, se o cara morreu de traumatismo craniano, o garoto, tinha que botar Covid.
Ao contrário do que disse o candidato à reeleição pelo PL, o Brasil registrou ao menos 2.573 mortes pela doença entre pessoas de 0 a 17 anos — em média, são 83 por mês. Ao todo, 68,6 mil ficaram internadas, mostram números do Ministério da Saúde.
Segundo a pasta, pelo menos 37.125 mil bebês e crianças de 0 a 11 anos ficaram internados por Covid-19, dos quais 1.807 tiveram as vidas ceifadas pela doença. Com isso, a taxa de letalidade hospitalar alcança 4,86%. Já entre adolescentes de 12 a 17 anos, pelo menos 31.478 ficaram hospitalizados e 766 morreram — uma letalidade menor, de 2,43%.
As estatísticas oficiais constam no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), do Ministério da Saúde. A base de dados reúne casos de internação (quadros graves) e mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), na qual a Covid-19 se inclui.
O GLOBO filtrou apenas as infecções e os óbitos confirmados por coronavírus desde 26 de fevereiro de 2020, quando o Brasil notificou o primeiro diagnóstico da doença, até 25 de setembro deste ano, a atualização mais recente dos dados. Os registros foram compilados pela Rede Análise Covid-19.
"Não desejo isso a ninguém", disse mãe
Em dezembro, durante o debate para a autorização da vacina para crianças de 5 a 11 anos, O GLOBO mostrou alguns casos de menores de idade afetados pela doença. A comerciante Socorro da Silva, de 51 anos, lembrou do neto Guilherme, que morreu aos 10 anos, após contrair a doença.
— Ele era como o ar que eu respiro, ele era tudo para mim. Eu me sinto cega, porque ele era a luz dos meus olhos — contou Socorro.
Guilherme, que tinha Síndrome de Down, apresentava comorbidades, como cardiopatia e hipertensão pulmonar, além de estar com anemia. Após ter contato com um parente infectado, a febre foi o primeiro sintoma que o menino manifestou, segundo a avó. No dia seguinte, Guilherme precisou ser internado e chegou a ficar 12 dias intubado na UTI do Hospital da Criança, em Brasília.
Em fevereiro, outra reportagem mostrou que uma criança morreu a cada três dias enquanto o debate sobre vacinação infantil se arrastava ao longo de 20 diasno governo federal. É o caso de Ana Luísa dos Santos Oliveira, de 8 anos.
— Minha filha foi forte até o fim. Não desejo isso a ninguém. Tenho certeza de que, se ela tivesse tomado a vacina bem antes, ela poderia ter pegado, mas não tanto (tão grave) — contou a mãe, Valquíria Alice dos Santos.
Dados do consórcio de imprensa do qual o GLOBO faz parte apontam que pelo menos 14.353.848 crianças de 3 a 11 anos tomaram a primeira dose de vacina contra a Covid-19 até a última quinta-feira, o equivalente a 54,32% do público da faixa etária. Desse total, só 9.830.840 (37,2%) completaram o ciclo de vacinação com a segunda dose.
No ano passado, Bolsonaro anunciou que não vacinaria sua filha caçula, Laura, de 11 anos, contra a Covid-19. Além disso, o governo tem demorado a liberar o imunizante para idades mais baixas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no mês passado a vacina da Pfizer para crianças a partir dos 6 meses até quatro anos. Na quinta-feira, quase um mês depois, o Ministério da Saúde liberou a imunização para a faixa etária, mas apenas para quem tem alguma comorbidade.
FONTE: thaisagalvao.com.br
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