Família recebe corpo errado para velório no RN
A gente
não quer falar sobre isso, quer tentar esquecer. Foi algo muito constrangedor.
Está todo mundo abalado". A fala é da sobrinha de um homem que morreu no
último domingo (20) no Rio Grande do Norte. O que já era um pesadelo para a
família da cidade de Tenente Ananias, na região Oeste potiguar, ficou ainda
pior. O corpo que chegou para o velório no município localizado a 413
quilômetros de Natal não era o do parente.
O
caso logo ficou conhecido no município. Todas as pessoas com quem o G1 conversou
nesta terça-feira (22) já sabiam da história. O Instituto Técnico-Científico de
Perícia (Itep) também reconheceu o erro e afirmou que já está investigando as
responsabilidades de servidores ou do próprio sistema usado na liberação dos
corpos. "Muito provavelmente foi falha humana", disse o diretor
Marcos Brandão.
Segundo
a Secretaria de Assistência Social de Tenente Ananias, a morte do homem
aconteceu no domingo. Após identificação na sede do Itep, na capital potiguar,
um corpo foi liberado para a funerária contratada pela família e chegou ao
município por volta das 5h da segunda-feira (21), após ser transportado por
mais de 400 quilômetros. Na hora do velório, porém, eles perceberam que não se
tratava do parente deles.
Depois
de identificado o problema, foi preciso transportar o corpo errado de volta
para Natal. E o corpo certo só chegou à cidade do Oeste por volta das 2h desta
terça-feira (22), sendo sepultado no início da manhã.
"Constrangida"
a família disse que preferia não dar entrevista e que quer apenas esquecer a
situação, por enquanto.
Investigação
Segundo
o diretor do Itep, Marcos Brandão, um servidor que seria responsável pela
liberação do corpo já foi identificado e passará por investigação. Para ele, a
grande possibilidade é que o erro tenha acontecido por falha humana.
"Fiquei
surpreso com isso", afirmou o diretor. De acordo com ele, o órgão
implantou o NIC - número de identificação de cadáver - em agosto de 2017,
justamente para evitar casos como esse. No novo sistema, o corpo é identificado
por um número cadastrado em uma guia e em uma presilha colocada no tornozelo ou
no braço, assim que ele chega ao Itep. Essa presilha é lacrada.
"O
número também fica cadastrado no sistema e o corpo só pode ser liberado após
uma conferência. É o procedimento padrão, que provavelmente não foi
seguido", disse. Ele também afirmou que existe recomendação para que as
famílias acompanhem a liberação, o que não aconteceu neste caso, provavelmente
pela distância entre Natal e a cidade.
Segundo
Marcos Brandão, o Itep identificou o erro antes mesmo de o corpo chegar a
Tenente Ananias, quando servidores perceberam que o corpo cujo NIC constava
como liberado permanecia no prédio da medicina legal. Mas o carro da funerária
já estava na estrada.
Marcos
Brandão ainda considerou que desde agosto o órgão liberou mais de 3 mil
cadáveres e esse foi o primeiro erro registrado. De acordo com ele, a
corregedoria da Secretaria de Segurança Pública vai apurar se o erro foi
cometido pelo servidor, ou pelo sistema e o que teria provocado isso.
"Esse erro está sendo auditado e haverá responsabilização", destacou.
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