Estudante com autismo que passou em medicina conciliou estudos e trabalho e se preparou por três anos em casa
Nós autistas podemos ocupar os mesmos lugares’
Três anos foi tempo que durou a preparação de Luanna Barbosa, que é uma pessoa autista de 32 anos, rumo à aprovação em medicina, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Para passar no curso dos sonhos, ela estudou em casa com um cursinho online e também usou materiais gratuitos disponibilizados na internet. “Foi necessário pra manter meu foco, sem distrações”, justificou.
A paraibana, de Campina Grande, já é formada em fisioterapia e também precisou conciliar o trabalho, com uma carga horária de 20 horas semanais, e as 10 horas de estudos por dia.
“Sempre persisti, mesmo com minhas dificuldades. Em alguns dias dava um desânimo, mas quando se tem um objetivo, temos que continuar, independente da idade ou classe social”, destacou.
Cursar medicina, por outro lado, é um sonho antigo, que foi adiado por conta das condições financeiras da família de Luanna. Após anos como ambulante, a mãe dela agora possui um comércio de lanches. Já o pai é operador de máquinas.
‘Nós autistas podemos ocupar os mesmos lugares’
Luanna tem consciência do capacitismo que ainda é presente em muitos lugares.
“Mas nós autistas podemos ocupar os mesmos lugares e sermos excelentes tanto quanto os neurotípicos – pessoas que não possuem dificuldades relacionadas com sociabilidade, aprendizagem, atenção, humor e outras funções cognitivas. Não podemos deixar que pessoas preconceituosas limitem nossos sonhos e objetivos”, reforçou.
A fisioterapeuta vai seguir com as atividades profissionais até o começo das aulas, quando terá que se mudar para João Pessoa.
Já na capital paraibana, Luanna vai contar com o apoio de familiares, que devem auxiliá-la com o que for necessário, com tudo que a possibilite viver com qualidade.
“Como sou uma pessoa autista, preciso de um suporte, nem que seja mínimo. Eu tenho ansiedade social. Não consigo ir em um supermercado sozinha, por exemplo, porque posso ter crises sensoriais, não consigo falar por ligação, às vezes tenho que ser lembrada que tenho que comer”, explicou.
Jornada de estudos também contou com resolução de questões
Além das aulas do cursinho online e todo o material gratuito encontrado na internet, Luanna também apostou na resolução de questões para fixar o conteúdo estudado.
“Por em prática o que aprendeu é essencial para aprovação. Não adianta só o estudo passivo”, ressaltou.
Foi assim que a estudante alcançou uma média de 739.1 e foi aprovada na cota para pessoas com deficiência, que foram estudantes de escola pública.
Por Iara Alves/G1/PB
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