Conheça o caso Araceli: Um crime que chocou o Brasil em 18 de maio de 1973
Durante
mais de três anos, na década de 70, pouca gente ousou abrir a gaveta do
Instituto Médico-Legal de Vitória, no Espírito Santo, onde se encontrava o
corpo de uma menina de oito anos. E havia motivos para isso. Além de o corpo
estar barbaramente seviciado e desfigurado com ácido, se interessar pelo caso
significava comprar briga com as mais poderosas famílias do estado, cujos
filhos estavam sendo acusados do hediondo crime. Pelo menos duas pessoas já
tinham morrido em circunstâncias misteriosas por se envolverem com o assunto.
Ainda
assim, corajosos enfrentavam os poderosos exigindo justiça, tanto que o corpo
permanecia insepulto na fria gaveta, como se fosse a última trincheira da
resistência. O nome da menina era Araceli Cabrera Crespo e seu martírio
significou tanto que o dia 18 de maio – data em que ela desapareceu
da escola onde estudava para nunca mais ser vista com vida – se transformou
no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes.
No
dia 18 de maio de 1973, uma sexta-feira, a rotina de Araceli foi alterada.
Ela não apareceu em casa e o pai, num velho Fusca, saiu a procurá-la pelas
casas de amigos e conhecidos, até chegar ao centro de Vitória. Nada. A menina
não estava em lugar algum. Só restou a Gabriel comunicar a Lola que a filha
estava desaparecida e que tinha deixado seu retrato em redações de jornais, na
esperança de que fosse, realmente, somente um desaparecimento. No dia seguinte,
quando foi ao colégio para conseguir mais informações, Gabriel ficou sabendo
que a menina tinha saído mais cedo da escola. De acordo com a professora
Marlene Stefanon, Araceli tinha “ido embora para casa por volta das quatro
e meia da tarde, como a mãe mandou pedir num bilhete”.
“Na
sexta-feira, a mando da mãe, Araceli tinha ido levar um envelope no edifício
Apoio, no Centro de Vitória, ainda em construção, mas que já tinha uns três ou
quatro apartamentos prontos, no 8º andar. A menina não sabia, mas o envelope
continha drogas. Num dos apartamentos, Paulinho Helal, Dantinho e outros se
drogavam. Ela chegou, foi agarrada e não saiu mais com vida”, conta o escritor.
Araceli
foi espancada, estuprada, drogada e morta numa orgia de drogas e sexo. Sua
vagina, seu peito e sua barriga tinham marcas de dentes. Seu queixo foi
deslocado com um golpe. Finalmente, seu corpo – o rosto, principalmente – foi
desfigurado com ácido.