Programação religiosa e televendas: os excessos na TV


Estreia hoje na RedeTV!, das 12h às 14h, uma faixa alugada à Igreja Mundial do Poder de Deus. Segundo noticiou a “Folha de S. Paulo”, é resultado de um acordo de R$ 1,5 milhão mensais. A Igreja Internacional da Graça de Deus já ocupa a faixa das 5h às 8h. Eles também alugam horários para Bola de Neve, Igreja Presbiteriana, “Igreja da graça- Nosso lar” e “Vitória em Cristo”. A grade da RedeTV! hoje é praticamente dominada por este tipo de conteúdo. A Ancine fez um mapeamento da presença de programação religiosa e de telecompras na televisão brasileira (o estudo é de 2010). A campeã é a CNT, cujos impressionantes 64,1% da programação são dedicados a este tipo de “atração”. Em seguida vêm a Gazeta (58,8%), a RedeTV! (38,6%), a Band (28%) e só depois a Record (com 21,5%). É muito.
No Brasil, não há dúvida, há plena liberdade religiosa, e esse não é o ponto. A questão é que as redes de televisão são concessões públicas, que se comprometeram com o Estado com um tipo de programação própria. Em vez disso, alugam os seus horários a terceiros que não participaram de concorrência alguma, tudo em busca de faturamento fácil. E quem paga o pato é o público que vê os espaços ocupados indevidamente. Também não é justo que o espectador seja bombardeado com propagandas de produtos emagrecedores, cintas milagrosas e gadgets que fazem tremer os gordinhos esperançosos levando a uma suposta perda de peso. Pior ainda é o “Smart quizz” e seus afins, um tipo de televendas para atrair adolescentes. Eles acenam com prêmios em dinheiro, mediante a adivinhação de uma palavra. O jogo é simples, mas o incauto fica pendurado na linha gastando impulso. A RedeTV! é mestra nisso. A CNT também. Ninguém merece.

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