Apesar do número de feminicídios no Rio Grande do Norte em 2019 ter registrado uma queda de 30% em relação ao ano passado, a violência contra a mulher no Estado continua sendo uma chaga, que tem afetado inúmeras famílias.
Segundo dados do Observatório da Violência do Rio Grande do Norte (Obvio), de 1º de janeiro até 17 de dezembro ocorreram 98 homicídios de mulheres. Desse total, 21 foram considerados feminicídios, ou seja, quando o crime ocorre em função do gênero. Uma diferença de nove casos em relação ao ano de 2018, que registrou 30 mulheres mortas nessa situação.
Via de regra, os assassinos são companheiros ou ex-companheiros das vítimas, que agem quase sempre motivados pelo sentimento de posse sobre a mulher e por não aceitar o término do relacionamento. Em alguns casos, os algozes ainda tentam simular outros crimes, como roubo, para evitar qualquer associação com a execução.
Embora exista a redução nesse índice de violência, a frieza com que algumas mulheres são assassinadas e a posterior dissimulação dos acusados traz à tona uma sensação de revolta, não apenas entre os amigos e familiares das vítimas, como também em toda a sociedade. Confira cinco casos que causaram grande comoção e revolta neste ano.
2 de janeiro: universitária é estuprada e estrangulada durante carnaval em Caicó
Entre os casos que chamaram a atenção dos potiguares, está o da jovem universitária Zaíra Dantas Silveira Cruz, de 22 anos, que foi encontrada morta dentro de um carro em pleno carnaval de Caicó, na região Seridó, no dia 2 de março. A morte da garota foi repleta de mistério, mas após investigação da Polícia Civil, foi apontado o acusado pelo crime: o sargento da Polícia Militar, Pedro Inácio Araújo de Maria, de 36 anos. O PM foi preso no dia 15 de março por força de um mandado judicial.
De acordo com o delegado titular da Delegacia Municipal de Caicó, Leonardo Germano, responsável pela investigação do caso, Zaíra Cruz foi estuprada duas vezes e vítima de feminicídio. “No dia 2 de março de 2019, Zaira Cruz encontra-se com Pedro Inácio no carnaval de Caicó. Ele fica com a vítima, dentro de um veículo, entre 2h14min e 3hs da madrugada. Neste lapso temporal, Pedro Inácio tenta ter relação sexual com a universitária, porém ela nega. Diante da negativa de Zaira, ele a estupra e depois decide matá-la. Por volta das 3hs, Zaira é encontrada morta dentro do veículo, no banco do passageiro”, detalhou.
5 de junho: estudante de Educação Física é assassinada com tiro na cabeça em Monte Alegre.
Na noite de 5 de junho, a universitária Josiérica da Rocha Alves, de 23 anos, foi assassinada com um tiro na cabeça após um suposto assalto na cidade de Monte Alegre, na região metropolitana. Contudo, as circunstâncias do crime relatadas pelo namorado levantaram as suspeitas da Polícia Civil e após investigação, Serafim Crisóstomo Júnior, de 31 anos, foi preso acusado de ter atirado contra a própria namorada e simular um roubo para impedir a elucidação do crime. Os dois mantinham um relacionamento há seis anos.
De acordo com a Polícia Civil, a perícia constatou que o disparo que atingiu Josierica partiu da arma do seu namorado. Foram feitos os exames residuográfico e balístico. O primeiro confirmou que havia pólvora na mão de Serafim Crisóstomo Júnior, e o segundo, que a bala que atingiu a estudante de Educação Física saiu da arma que ele estava segurando. O homem, que é proprietário de uma equipadora de veículos em Monte Alegre, permanece sob custódia desde o dia 23 de julho.
11 de novembro: técnica de enfermagem é morta em frente à casa da mãe na zona norte
No dia 11 de novembro, a técnica de enfermagem Dayana Deise Oliveira de Lima, de 29 anos, foi executada a tiros na frente da casa da própria mãe, no conjunto Parque das Dunas, na zona norte de Natal. O principal suspeito foi apontado como sendo o ex-companheiro da vítima, o sargento da Polícia Militar, Luiz Galdino da Silva, de 59 anos. O casal tinha dois filhos.
De acordo com as investigações, o PM não aceitava o fim do relacionamento. Dayana Silva, que também trabalhava no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), possuía uma medida protetiva expedida pela Justiça contra o ex-companheiro, desde o mês de março deste ano. O policial militar era lotado no 1º Batalhão e estava sob licença especial. Ele negou a autoria do crime, mas permanece preso em função de um mandado judicial.
25 de novembro: vendedora é baleada na cabeça pelo ex em São Miguel.
A cena é chocante. Um homem armado, de calça, capa e capacete rende funcionárias e clientes de uma loja de roupas, obriga uma das vítimas a ir até ao caixa e enquanto ela retira o dinheiro para entregar ao criminoso, é atingida por um disparo à queima roupa na cabeça. O bandido foge sem levar nada. O caso ocorreu na cidade de São Miguel no dia 25 de novembro e foi registrado pela câmera de segurança do estabelecimento. A partir daí, a jovem Renata Ranyelle Maciel de Almeida, de 23 anos, passou quatro dias lutando pela vida, mas acabou falecendo no dia 29.
A investigação da Polícia Civil apontou o ex-namorado da vítima, Paulo Roberto da Silva, de 36 anos, como o autor do crime. O acusado ainda foi flagrado no Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró, ao lado de Renata e segurando a mão da vítima. A cena foi registrada em uma foto que circulou pelas redes sociais.
Após alguns dias foragido, Paulo Roberto foi preso somente no último dia 11, na cidade de Guarulhos, em São Paulo. Ele confessou que matou a ex-companheira, com quem tinha uma filha.
Fonte: Nominuto
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