Retrospectiva 2017: os principais fatos do ano no Rio Grande do Norte


Massacre de Alcaçuz

O ano começou com notícias de violência. Já em janeiro, 26 presidiários morreram e outros 56 fugiram na maior rebelião já registrada em terras potiguares. A Penitenciária Estadual de Alcaçuz foi palco de uma guerra entre as facções que disputam o domínio do tráfico de drogas no estado.

O Rio Grande do Norte virou notícia em vários países no motim que durou quase duas semanas. O episódio escancarou a crise no sistema penitenciário do Rio Grande do Norte, que há anos sofre com desestruturação.



Prisão de Henrique Alves
O ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves foi preso na manhã do dia 6 de junho em um desdobramento da operação Lava Jato que investiga corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal.

A Justiça Federal informou à época que “as acusações são referentes a supostos pagamentos de propinas feitos por empreiteiras com destinação a dois políticos e que teriam contado com a conivência de empresários que atuaram para lavagem de dinheiro”.


Afastamentos de parlamentares

Neste 2017, um vereador de Natal e um deputado estadual do Rio Grande do Norte foram afastados de suas atividades por suspeitas de envolvimento em esquemas de corrupção.
O deputado estadual Ricardo Motta (PSB) foi impedido pela Justiça, inclusive, de frequentar as dependências da AL. Os impedimentos e a suspensão do mandato duraram por 180, em deferimento de pedido do Ministério Público. O MP apontou que Motta foi beneficiado pelo esquema de desvio de verbas públicas no âmbito do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema). Segundo o MP, o esquema teria rendido prejuízo ao erário estadual de mais de R$ 19 milhões. Deste total, R$ 11 milhões (60%) teriam sido destinados a Ricardo Motta.



No caso do vereador Raniere Barbosa (PDT) o afastamento também partiu de operação do Ministério Público. A ação denominada “Cidade Luz” apurou desvios de mais R$ 22 milhões da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Natal (Semsur), na época em que Barbosa comandava a pasta.

 Segundo o MP, há indícios de que o montante é decorrente de superfaturamento e pagamento de propina relativos a contratos firmados entre empresas e a Semsur para a prestação de serviços de manutenção e decoração do parque de iluminação pública da capital potiguar.

As investigações seguem em curso e, atualmente, os dois parlamentares já voltaram a exercer seus mandatos na Assembleia Legislativa do RN e na Câmara Municipal de Natal.


Morte de Wilma de Faria
Em junho deste ano, a ex-governadora do Rio Grande do Norte Wilma de Faria morreu, aos 72 anos, em Natal. Wilma de Faria cumpria mandato de vereadora da capital potiguar na atual legislatura, mas estava afastada das funções desde o dia 18 de abril para tratamento de um câncer.

Wilma era professora e começou a carreira na política em 1986 quando foi eleita deputada federal. Em 1988, foi eleita prefeita de Natal. Voltou a ser eleita prefeita da capital em 1996 e reeleita em 2000.

Em abril de 2002, Wilma renunciou à prefeitura para disputar o governo do estado e foi eleita, se tornando a primeira mulher a comandar o governo do Rio Grande do Norte. Ela foi reeleita governadora em 2006.

Wilma ainda se candidatou ao senado em 2010, mas não venceu. Em 2012 saiu candidata a vice-prefeita na chapa de Carlos Eduardo. A chapa foi eleita e ela cumpriu o mandato.

Em 2014, voltou a tentar uma vaga no senado, mas foi derrotada por Fátima Bezerra. Em 2016, ela deixou o PSB, assumiu a presidência do PTdoB e se candidatou a vereadora de Natal.


Governador denunciado
O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Mesquita de Faria (PSD), foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no dia 18 de setembro. A denúncia é baseada em uma operação que apurou tentativa de obstrução das investigações sobre desvios de recursos na Assembleia Legislativa do estado (ALRN). Ela está no gabinete do ministro Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça, que é o relator do caso.

A denúncia ainda vai passar pela apreciação da Corte Especial do STJ, que vai definir se a recebe ou não. Ainda não há data prevista para isso. Se aceita, Robinson se tornará réu.
Junto com Robinson Faria, foram denunciados os servidores Magaly Cristina da Silva e Adelson Freitas dos Reis, assessores de confiança do governador e presos por uma operação da Polícia Federal no dia 15 de agosto. Na ocasião, o governador também foi alvo de mandados de busca e apreensão.

A operação, denominada Anteros, apurou manobras ilegais por parte de Robinson Faria e de servidores do governo potiguar para impedir investigações sobre os desvios na Assembleia Legislativa.


Mártires canonizados
Os mártires de Cunhaú e Uruaçu, vítimas de massacres ocorridos em julho e outubro de 1645 nos municípios de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, foram declarados santos pelo Vaticano em outubro deste ano.

A canonização foi muito aguardada pelos cristãos católicos, porque significou o reconhecimento de 30 novos santos. Foi na Capitania do Rio Grande do século 17 que viveram os homens, mulheres e crianças que se tornarão os mais novos santos brasileiros.
Eles foram mortos pelos holandeses calvinistas nos massacres de Cunhaú e Uruaçu em 1645.


2 mil mortes
Pela primeira vez em sua história, o Rio Grande do Norte atingiu a marca de 2 mil assassinatos em um só ano. Aconteceu em 22 de outubro deste ano, segundo o Observatório da Violência Letal Intencional (OBVIO) – instituto que contabiliza os crimes contra a vida no estado.

No geral, o total de assassinatos é 25,8% maior que a quantidade registrada no mesmo período do ano passado – o que representa uma média atual de 6,80 mortes por dia. Natal, com 524 mortes, é a cidade potiguar mais violenta.

No dia em que a marca foi atingida, o G1 publicou uma matéria especial, em que especialistas comentaram as possíveis causas da violência no estado potiguar. A reportagem foi vencedora do Prêmio de Jornalismo do Ministério Público de 2017.


Salários atrasados gera crise na segurança
Policiais e bombeiros militares deixaram de ir às ruas no dia 19 de dezembro e os policiais civis passaram a trabalhar em regime de plantão no dia 20. As categorias reivindicam, além de melhores condições de trabalho, o pagamento dos salários e 13º. O pagamento dos servidores vêm sendo pagos com atraso há pelo menos 2 anos.

Após a paralisação das polícias, vários crimes foram registrados em Natal e cidades do interior do estado. Foram mais de 450 arrombamentos, roubos e furtos em dez dias e 59 homicídios. O governo federal mandou 100 homens da Força Nacional para ajudar no patrulhamentos das ruas do RN.

Fonte: G1/RN




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